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MPF denuncia um dos envolvidos no assalto à agência da Caixa em Itajubá 

Ação criminosa ocorreu há pouco mais de um mês e envolveu vários veículos, alguns deles blindados, armas de fogo, explosivos, incêndios e ataques ao batalhão da Polícia Militar.

Foto: Reprodução Redes Sociais

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou um dos envolvidos no assalto à agência da Caixa Econômica Federal (Caixa) ocorrido há cerca de um mês na cidade de Itajubá, sul de Minas Gerais, em um tipo de ação criminosa que está sendo chamada de “novo cangaço”.

Entre o fim da noite de 22 de junho e a madrugada do dia 23, um bando de criminosos, entre os quais o denunciado J. F. G. M., aterrorizou a cidade de 97 mil habitantes, em um assalto executado com extrema violência, mediante uso de armas de fogo de diversos calibres, incêndios, explosões e fugas em alta velocidade.

Os primeiros atos criminosos da noite foram praticados contra dois moradores de Itajubá: por volta das 23 horas do dia 22, o Voyage em que estavam N.G.C. e sua namorada foi emparelhado por outro veículo, um T- Cross, de onde desceram três indivíduos encapuzados e armados, os quais obrigaram as vítimas a descer e correr do local. Vinte minutos depois, em um local próximo àquele, outros quatro indivíduos, também com uso de arma de fogo, roubaram um Ecosport, cujo proprietário, L.J.M.N., foi abordado em circunstâncias semelhantes às do primeiro roubo.

Em seguida, os criminosos conduziram esses dois veículos para a entrada do 56º Batalhão da Polícia Militar, posicionando-os de forma a impedir a saída dos policiais, derramaram gasolina e botaram fogo, incendiando o Voyage. O MPF relata que, armados de fuzis, enquanto alguns criminosos ateavam fogo nos veículos, seus comparsas efetuavam dezenas de disparos contra o prédio da Polícia Militar, destruindo uma porta de vidro e danificando vidros de janelas, aparelho de ar condicionado e duas viaturas, uma da polícia e outra do Corpo de Bombeiros.

Tiros para o alto e na vizinhança

Enquanto isso, os outros integrantes da quadrilha estavam na agência da Caixa Econômica Federal, onde, por meio de explosivos, conseguiram acesso aos cofres do banco, de onde subtraíram dinheiro e joias.

A denúncia relata que, durante o roubo, os criminosos efetuaram inúmeros disparos de armas de fogo para o alto e também contra imóveis vizinhos, com o intuito de aterrorizar e intimidar eventuais testemunhas. Na agência, foram encontrados cartuchos e cápsulas de armas de fogo, entre elas, fuzis de uso restrito e até o projétil de uma arma que só é utilizada em guerras.

Além disso, a quantidade de material explosivo instalado pelos criminosos na agência era tão grande e perigosa, que o Esquadrão Antibombas demorou mais de 17 horas para localizar, manipular e neutralizar tais artefatos.

A minuciosa preparação para o roubo ficou evidenciada não só no material que levaram para a ação, como nos próprios veículos utilizados pelos criminosos: a maioria era de carros blindados e alguns foram modificados na estrutura e/ou nos vidros: além da retirada dos bancos, o que permitiu maior mobilidade interna e capacidade de transporte de armas, combustíveis e materiais, foram feitos orifícios nos vidros das janelas, por onde os criminosos atiravam sem a necessidade de abrir as portas ou descer dos veículos.

Fuga

Após o roubo, o bando se dividiu e fugiu por estradas rurais dos municípios vizinhos a Itajubá. Em duas oportunidades, ao se depararem com os bloqueios da Polícia Militar, os envolvidos não hesitaram em atirar, atingindo três policiais, que só não vieram a falecer, porque foram imediatamente socorridos.

Todos os criminosos conseguiram fugir do cerco policial, à exceção do denunciado Jean Felipe. Naquela madrugada de 23 de junho, ele foi abordado pela PM numa estrada vicinal entre os municípios de Cambuí (MG) e Consolação (MG), e, diante das perguntas sobre o motivo de estar àquela hora naquele local, apresentou respostas contraditórias e pouco convincentes, acabando por confessar sua participação no roubo.

Posteriormente, as investigações demonstraram que Jean Felipe participou ativamente não só da execução, como dos atos preparatórios da ação criminosa, seja alugando o veículo que estava conduzindo no momento da sua prisão em flagrante, seja emprestando seu próprio carro para a empreitada, seja comparecendo em dias anteriores a Itajubá, acompanhado de seus comparsas, para conhecer o local e estabelecer as rotas de entrada, bloqueios e fuga. No dia da ação propriamente dita, ele atuou principalmente como “batedor”, dirigindo à frente dos outros veículos, para verificar eventuais barreiras policiais.

Jean Felipe, um paulistano de 32 anos, foi denunciado pelos crimes de roubo majorado (art. 157, §2o, II e §2o-A, I e II, do Código Penal), dano qualificado (artigo 163) e incêndio (artigo 250).

As investigações continuam quanto aos outros participantes da ação criminosa.

Saiba Mais

O “novo cangaço” é uma ação criminosa em que, de modo conjunto e coordenado, dezenas de pessoas, usando aparato bélico com alto poder de destruição (armas de grosso calibre, explosivos e veículos, muitos deles blindados), sitiam cidades inteiras, atacando destacamentos e postos das forças de segurança e roubando veículos particulares, que são estacionados em pontos estratégicos e incendiados para impedir/restringir a ação de policiais, enquanto outra parte do bando arromba e explode agências bancárias.

Tais ações criminosas são marcadas por disparos de arma de fogo para o alto e em direção às pessoas que se avizinham ou que tentam capturar imagens dos bandidos. Não raras vezes, os criminosos utilizam pessoas inocentes como reféns, colocando-as como “escudos”, para impedir a ação policial e permitir sua fuga.

Fonte: Ministério Público Federal de Minas Gerais