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Cultivar de cafeeiros Paraíso 2 tem pouca adaptação ao cultivo orgânico

As práticas utilizadas resultam em maiores custos e, quase sempre, com menores produtividades, exigindo, assim, preços mais elevados dos produtos. 

Foto: Café Point

O sistema agrícola de cultivo orgânico visa atender mercados específicos, compostos por parte da população, que busca um modelo capaz de reduzir os impactos ambientais e resulte na produção de alimentos mais saudáveis. No entanto, as práticas utilizadas resultam em maiores custos e, quase sempre, com menores produtividades, exigindo, assim, preços mais elevados dos produtos. 

Nas lavouras de café, o sistema orgânico prevê o uso apenas de produtos ou insumos naturais, determinados pelas certificadoras. Na adubação, são utilizados estercos ou compostos, sem utilização de fertilizantes químicos. No controle de doenças e pragas, igualmente, só podem ser utilizados defensivos de base natural. No caso da ferrugem, podem ser usados os fungicidas cúpricos. Assim, as variedades de café, utilizadas nas lavouras conduzidas com esse sistema, precisam ter características adequadas, destacando-se sua resistência e vigor. 

Foi realizado, no ano agrícola 2022/2023, um estudo, em sua fase inicial, na Fazenda Experimental de Varginha (MG), onde foram comparados o sistema orgânico e o químico com o cultivo de duas cultivares/variedades: a paraíso 2 e a arara. Nos tratos nutricionais foram adotados, na adubação e controles, as indicações usuais em cada sistema, com estercos e fórmulas químicas, sendo que no controle da ferrugem, no sistema orgânico, foram utilizadas as pulverizações com fungicidas cúpricos, 3 ao ano e, no químico, com os triazóis mais estrobilurinas. Cada parcela abrangeu um lote de 100 plantas para cada sistema e de cada variedade. Os resultados iniciais do estudo, no primeiro ano de campo, com avaliação em junho/23, estão colocados na tabela 1. Verificou-se que, nas parcelas com o controle químico tradicional, as plantas se mantiveram bem enfolhadas e bem nutridas com folhagem verde escura, sem desfolha em ambas as cultivares, arara ou paraíso 2. Já nas parcelas de cultivo orgânico, verifica-se um diferencial entre as duas cultivares. Enquanto as plantas da parcela de arara se mostram enfolhadas, apenas com leve amarelecimento, sem ataque da ferrugem, a parcela do paraíso 2 se mostra bem amarelada, desfolhada e com ataque significativo da ferrugem, em mais de 30% das plantas. Verifica-se, assim, que a cultivar paraíso 2 apresenta dificuldades de adaptação ao sistema de cultivo orgânico. A cultivar paraíso 2, das sementes plantadas no ensaio, oriundas da Epamig, cremos, deverá estar passando por novas seleções para aumentar a resistência à ferrugem. 

Tabela 1 – Infecção pela ferrugem e desfolha, em duas cultivares de cafeeiros, nos sistemas orgânico e químico de cultivo – Varginha (MG), 2023

Os resultados das avaliações de ferrugem e enfolhamento (tabela 1), e as observações do comportamento das plantas no campo, permitem concluir, com base no primeiro ano de avaliação, que: a cultivar paraíso 2 não se adapta bem ao sistema orgânico, apresentando infecção significativa da ferrugem e maior desfolha, em comparação com a cultivar arara.

Fonte: Café Point