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Comissão homenageia responsáveis por programa Guardiões do Patrimônio Cultural

Deputado Professor Cleiton (PV), elogiou a iniciativa por permitir a inclusão de jovens no setor cultural, que fomenta a geração de emprego e renda.

Foto: ALMG

Clérigos e professores, responsáveis pelo Programa Guardiões do Patrimônio Cultural em Minas Gerais, foram homenageados, nesta quarta-feira (2/8/23), pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Eles receberam diploma relativo a votos de congratulações durante audiência pública que debateu a importância do projeto.

O presidente da comissão e autor do requerimento da reunião, deputado Professor Cleiton (PV), elogiou a iniciativa por permitir a inclusão de jovens no setor cultural, que fomenta a geração de emprego e renda. “O projeto tem total consonância com a proposta do Papa Francisco, de que a Igreja deve atuar no resgate da cultura popular pela religiosidade”, completou.

Os homenageados foram os bispos auxiliares da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Joel Maria dos Santos e Dom Nivaldo dos Santos Ferreira; o bispo da Diocese de Divinópolis (Centro-Oeste), Dom Geovane Luís da Silva; e os professores Josimar da Silva Azevedo e Dener Antônio Chaves, respectivamente, administrador e coordenador do curso Guardiões do Patrimônio Cultural.

O programa é desenvolvido pela PUC Minas, Arquidiocese de Belo Horizonte e Comissão dos Bens Culturais da regional Leste 2 em Minas, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com o objetivo de formar jovens para atuar na preservação, conservação e cuidado com o patrimônio cultural material e imaterial.

O curso é destinado a jovens entre 15 e 25 anos, que recebem aulas gratuitas, participam de visitas a patrimônios mineiros e recebem uma bolsa durante os seis meses de aprendizagem. É oferecido em cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) como Caeté, Raposos, Sabará e Santa Luzia e já está sendo estudado a expansão para outros municípios mineiros.

Conforme explicou Dom Joel, além de propiciar uma nova visão sobre as riquezas culturais, o programa também permite a inserção e inclusão de jovens de comunidade pobres. “O papa sempre diz que a missão da Igreja não é só evangelizar, mas também, assumir posturas políticas de conscientização. Através da cultura também se evangeliza”, afirmou.

Os estudantes, segundo o religioso, assumem a corresponsabilidade social, cultural, religiosa e artística, com a formação técnica que adquirem.

Aprendendo história para um novo futuro

O administrador do curso, Josimar Azevedo, considera o curso, que está em sua segunda turma, já exitoso, ao perceber a mudança na mentalidade dos alunos. “O maior patrimônio da cultura são as pessoas e entre elas os jovens. As novas gerações precisam ser preservadas, promovidas, protegidas, junto com o planeta e toda comunidade de vida”, defendeu.

Na opinião dele, preparar o jovem para a cidadania e cultura de paz pode mudar a configuração do mundo com vistas a uma sociedade melhor no futuro. Um dos objetivos do curso é conectar o jovem com sua comunidade, suas histórias, memórias, espaços e lugares onde construiu a vida. Ele sugeriu ao presidente da comissão elaborar um projeto para criar a profissão de guardiões e amigos do patrimônio.

Dom Nivaldo também elogiou o projeto pelo resgate da história e abertura de possibilidades de reparações, valorizações, conservações e preservações pela atuação dos estudantes. “O programa se alinha à esperança de uma cultura nova capaz de superar as divisões que hoje assistimos”, confia.

Representante também do comissão da CNBB, o bispo Dom Geovane sugeriu incluir a palavra amigos no curso, para ampliar o sentido de guardar e proteger sem intenção de possuir e, sim, de entregar aos outros. “É importante o afeto ao patrimônio e às pessoas, assim como a preservação da natureza. Assim como o ambiente é um cenário do planeta; a arte é uma moldura do ser humano, uma expressão e pertence a todos”.

Importante resgate

Diretor e curador do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu), padre Mauro Luiz da Silva lamentou que muito já se perdeu de patrimônios imateriais como festejos e saberes não preservados. Ele citou o caso de um aviso de Dom Cabral, que completará 100 anos na próxima semana, que expulsou os reinados negros das igrejas católicas, causando danos irreparáveis.

A pedido da rainha conga Isabel Casemira, em carta enviada ao Papa Franciso por Dom Joel, já está sendo estudado um protocolo para anulação do aviso.

O coordenador do curso Guardiões do Patrimônio Cultural, Dener Chaves explicou que os bens mais preservados são aqueles de comunidades religiosas, que cuidam e preservam pela fé. Segundo ele, a formação dos jovens pode reduzir a vandalização e destruição que colocam em risco muitos monumentos mineiros.

Dener citou exemplos de soluções simples encontradas pelos alunos para preservação de alguns templos. “Minas tem um patrimônio único e aparato insuficiente para preservá-lo. As ações não podem ser apenas do Estado ou Ministério Público, mas sobretudo, da comunidade”.

Fonte: ALMG