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Agronegócio demanda melhorias em estradas, energia e telefonia

Produtores rurais cobram melhorias em infraestrutura e em serviços que impactam diretamente seu ambiente de negócios.

Foto: ALMG

Na segunda parte do debate público “Mundo Agro: negócios, ambientes e desafios”, realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quinta-feira (27/4/23), produtores rurais reclamaram das más condições das rodovias e da má qualidade dos serviços prestados pela Cemig e pelas operadoras de telefonia.

O evento da Comissão de Agropecuária e Agroindústria reuniu representantes do setor produtivo e gestores governamentais para discutir os principais desafios e demandas da agricultura e buscar alternativas para o ambiente de negócios desse setor produtivo. O debate foi solicitado pelos deputados Raul Belém (Cidadania) e Antonio Carlos Arantes (PL).

Más condições das estradas prejudicam a agricultura
O produtor rural Sérgio de Carvalho Coelho lembrou que Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do País e boa parte das estradas mineiras encontra-se em más condições de conservação. Os principais problemas relatados pelo representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faemg) são buracos, erosões de pista, pontes interditadas, quedas de barreiras e falta de sinalização.

Ele apresentou dados que mostram a evolução da produção de grãos em Minas Gerais, que saiu de 3,5 milhões de toneladas em 1976 e chegou a 17,6 milhões de toneladas em 2023. “Mas nossas estradas infelizmente não acompanharam o nosso desenvolvimento”, lamentou Coelho.

O representante da Faemg explicou que as condições ruins das rodovias implicam custos ambientais e operacionais, além dos acidentes, o que prejudica o agronegócio como um todo. “É deplorável que um produtor rural não tenha condições de ir vir com segurança ao transitar pelas rodovias”, lamentou.

O subsecretário de Estado de Obras e Infraestrutura, Breno Longobucco, admitiu que as estradas estaduais merecem atenção especial. Ele disse que as concessões rodoviárias que vêm sendo levadas a cabo pelo Governo do Estado trarão benefícios para os produtores rurais.

Já foram assinados os contratos dos lotes Triângulo Mineiro (600 km) e Sul de Minas (400 km). O lote Varginha-Furnas, que também contempla 400 km de rodovias no Sul de Minas, deve ir a leilão em maio.

O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), Rodrigo Rodrigues Tavares, explicou que a deterioração da malha rodoviária estadual deve-se à falta de investimentos em manutenção.

Segundo ele, seriam necessários entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano para manter as rodovias estaduais em boas condições. Mas a média de investimentos nos últimos anos girou em torno de R$ 350 milhões anuais.

Para mudar essa realidade, o DER-MG executa o programa Pró-Vias, que investiu R$ 700 milhões em 2022 e tem mais R$ 1 bilhão programados para ações de recuperação de estradas em 2023. De acordo com o Tavares, esse montante é o recorde de recursos destinados à manutenção de rodovias nos últimos dez anos.

O presidente da Comissão de Agropecuária, deputado Raul Belém, cobrou mais investimentos em rodovias e considerou um avanço as concessões rodoviárias. Ele defendeu que parte dos recursos do acordo de Mariana, que está sendo repactuado como compensação para o rompimento da barragem da Samarco em 2015, sejam destinados para melhorias em estradas.

Irregularidade no fornecimento de energia prejudica o homem do campo
Os produtores rurais também reclamaram da qualidade do serviço prestado pela Cemig. Problemas no fornecimento de energia elétrica comprometem as mais diversas atividades agrícolas, como a secagem do café e a ordenha mecânica do leite.

Uma pesquisa realizada pela Faemg revela que 42% dos produtores rurais tiveram que lidar com a falta de energia elétrica nos últimos 12 meses. Outras reclamações, segundo a assessora econômica da Faemg, Aline de Freitas Veloso, referem-se a danos a equipamentos elétricos devido às interrupções no fornecimento de energia e à demora para o restabelecimento do serviço pela Cemig.

Para lidar com esses problemas, a Faemg cobrou a ampliação da rede trifásica, para garantir maior estabilidade no fornecimento de energia, e maior rapidez da Cemig para atender as reclamações dos produtores rurais. Outras demandas são a criação de uma linha de crédito para aquisição de geradores elétricos e a ampliação do horário de tarifa reduzida para irrigantes noturnos.

O diretor da Cemig Distribuição, Marney Tadeu Antunes, admitiu que tem dificuldades para atender todas as demandas de seus consumidores, mas disse que a empresa tem trabalhado para melhorar a qualidade do seu serviço.

Segundo Marney, a Cemig tem 400 mil km de rede rural, dos quais 303 mil km são monofásicos, que não garantem carga suficiente nem estabilidade do serviço. Para resolver esse problema, a empresa lançou o programa Minas Trifásico, para converter 30 mil km de redes monofásicas até 2027.

O plano de investimentos da empresa nos próximos quatro anos também contempla a construção de 3.524 km de linhas de distribuição e a implantação de 136 subestações de energia. Para reduzir o tempo de interrupção do fornecimento de energia na zona rural, foram instalados 7.500 religadores automáticos no ano passado. Neste ano, serão instalados outros 7.500 equipamentos.

O diretor reconheceu que a demanda reprimida por energia elétrica é muito grande na zona rural, mas garantiu que a Cemig vem trabalhando para fazer frente às necessidades de seus consumidores. “Sabemos que temos dificuldades, mas os investimentos estão sendo feitos”, afirmou.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PL) elogiou a estratégia de investimentos adotada pela Cemig, mas cobrou maior empenho no atendimento das reclamações dos produtores rurais. Ele citou exemplos de pequenos agricultores que chegaram a ficar três dias sem energia elétrica e relataram grande dificuldade com os canais de comunicação da empresa.

Conectividade na zona rural também é desafio
A ampliação da conectividade na zona rural foi outra demanda apresentada pelos produtores rurais durante o debate. O gerente executivo técnico no Sistema Faemg, Bruno Rocha de Melo, explicou que o acesso aos serviços de internet e telefonia celular não são um luxo, mas sim necessidades competitivas.

Ele citou pesquisa realizada pela Faemg segundo a qual apenas 17% dos produtores rurais têm acesso à internet de qualidade. Com a baixa cobertura de 5G nas zonas rurais, muitos agricultores recorrem aos provedores que oferecem internet via rádio ou via satélite, que são de alto custo.

O gerente regional da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Otávio Barbosa da Silva Soares, explicou que a aposta do Governo Federal para expandir a cobertura de telefonia celular é o 5G, cujo leilão foi realizado no final de 2021. Segundo ele, há um cronograma de compromissos das operadoras para atendimento de rodovias e pequenas localidades.

Em âmbito estadual, a cobertura de pequenas localidades vem sendo ampliada por meio do programa Alô Minas. Segundo o subsecretário de Estado de Governança Eletrônica e Serviços, Rodrigo Diniz Lara, a meta do programa é atender 157 localidades rurais com telefonia 4G até fevereiro de 2024. O Governo do Estado estuda ampliar o programa com um novo edital, que pode ser lançado até o final deste ano.

Fonte: ALMG