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UNIFAL celebra Dia Mundial da África e evidencia a importância do continente para a cultura brasileira

Iniciativa do evento partiu dos próprios acadêmicos de países da África em mobilidade na Instituição

Foto: UNIFAL-MG

Estudantes, professores e colaboradores da UNIFAL-MG, em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE) da Universidade, se reuniram para divulgar e comemorar a fundação da Organização da Unidade Africana, hoje conhecida como União Africana. Originalmente celebrado no dia 25 de maio, o Dia Mundial da África foi comemorado pela comunidade universitária nos dias 27 e 28 de maio.

Na programação, foram incluídas atividades culturais como apresentações musicais, exibição de filmes, rodas de conversa, jogos e danças típicas. Todas as atividades foram realizadas na Sede da Universidade, no hall do prédio V, e contaram com a presença de estudantes de todos os campi da Instituição.

Esta é a primeira vez que a UNIFAL-MG celebra o Dia Mundial da África, por iniciativa dos próprios discentes que vieram do continente africano. “É importante lembrar que o Brasil é fruto da diáspora e que há uma enorme contribuição do continente africano à nossa cultura”, mencionou a presidente do NEABI, Profa. Janaína de Mendonça Fernandes, sobre a relevância do evento. “A prova disto é o evento realizado que abordou vários aspectos da cultura de diversos países e a troca de experiências que ocorreu”, completou.

Conforme explicado por ela, a Organização da Unidade Africana foi criada em 25 de maio de 1963 e desde então se esforça para representar um continente vibrante de 1,2 bilhão de pessoas. “Ao todo são 54 países que compõem o continente africano. Desse total, 48 são países continentais e seis insulares”, destacou.

Simão Lucas Sibindy, do 1º período do curso de Medicina, foi um dos idealizadores do evento e explicou que a ideia da comemoração surgiu de um primeiro contato com seus colegas. “Após a minha chegada aqui na Universidade Federal de Alfenas, percebi que o pessoal não conhecia a história, a cultura, os hábitos e os costumes africanos. Daí que pensei em criar um movimento dos estudantes africanos, no qual poderíamos apresentar a nossa cultura e história”, relatou o estudante de Moçambique, que pretende fortalecer o projeto, junto aos colegas, para uma nova edição no ano que vem.

Para Oulématou Magassouba, estudante vinda do Mali para cursar Farmácia na UNIFAL-MG, o evento reforça a união dos africanos. “Este evento, para nós africanos, é grandioso. Repetir eventos como este nos ajuda a unir forças para exprimir nossos desejos e permite que os demais estudantes saibam que existem africanos na Instituição”, pontuou a acadêmica que afirma ter sido bem acolhida no país.

Presente no evento, Mario da Silva, vindo de Guiné-Bissau, compartilhou um pouco da sua experiência vivendo no Brasil. O estudante cursa Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia, na UNIFAL-MG campus Varginha, onde pretende cursar Ciências Atuariais.

Segundo ele, a primeira diferença que notou, quando chegou ao Brasil, foi a realidade universitária do país. “Nas universidades do nosso país temos que usar alguns trajes mais formais. Então, quando eu cheguei aqui, ia bem mais trajado, mais arrumado, e quando eu vi as pessoas, fiquei abismado. Mas agora já estou acostumado e até vou de chinelo para a Universidade”, narra o estudante.

Para ele, comemorar o Dia da África na Universidade é crucial para abordar as diferentes existências africanas na Instituição. “Esta data não deve passar despercebida, porque senão hoje seria um dia qualquer. Mas, para nós, essa data é muito significante, porque nos faz lembrar de quem nós somos. É importante para continuarmos aprimorando nossas ideias sobre o nosso continente, sobre como podemos nos ajudar, além de promover esta interação cultural”, declara o estudante.

Guiné-Bissau e Brasil têm muito em comum, para Mario da Silva, a única diferença notada pelo estudante é a noção de coletividade. “Nos países africanos nós temos uma consciência maior de coletividade, é sempre o ‘nós’. Enquanto que aqui é ‘cada um por si e Deus por todos’”, notou. “Acho que por conta de aqui ser um país mais desenvolvido, a convivência social é algo mais distante, enquanto lá no meu país somos todos unidos”, finalizou.

Pedro Isac Alves Prates, estudante de Fisioterapia na Instituição, foi espectador de algumas atividades do Dia da África. O estudante conta que achou a iniciativa interessante e que sempre teve curiosidade em relação à cultura africana: “sempre tive curiosidades sobre a relação entre o estilo de vida , costumes e tradições de povos africanos e a cultura brasileira, principalmente sobre música. Ter a oportunidade de perguntar o que me interessa a diferentes pessoas de países e origens étnicas foi bem legal!”

O pró-reitor adjunto da PRACE, Julio Cesar Barbosa, que atuou na coordenação das atividades junto às professoras Janaína Fernandes e Lora Rodrigues, a iniciativa é uma grande oportunidade de aprendizado e integração na comunidade acadêmica, principalmente entre estudantes. “Promover eventos como este na Universidade auxilia na demonstração das relações entre Brasil e África, a partir de um diálogo sobre a desconstrução de conceitos pejorativos existentes na comunidade acadêmica, assim como na sociedade em geral acerca da África”, destacou.

O pró-reitor adjunto lembrou que os brasileiros ainda desconhecem a diversidade do continente africano com suas características próprias, costumes, cultura, história, política, economia e desigualdades sociais, o que torna o evento ainda mais importante. “Esperamos que este evento passe a fazer parte do calendário institucional da UNIFAL-MG”, finaliza.

“Da perspectiva de análise da assistência estudantil, apoiar a realização do evento demandou da PRACE a avaliação contínua de nossas proposições ainda muito primárias quando direcionadas as/aos estudantes africanos, e assim, se por um lado são deflagrados nossos limites institucionais frente a garantia de acesso e permanência acadêmica de estudantes estrangeiros, por outro lado, não nos restam dúvidas que consolidar as condições de assistência a essas/esses estudantes de cursos de graduação e pós-graduação, exige um compromisso institucional e depende, também, de ações que favoreçam relações de pertencimento, assim como fortalecimento das redes de apoio, como vivenciado no evento”, salientou a pró-reitora da PRACE, profa. Claudia Gomes.

Na oportunidade, a pró-reitora destacou que espera que ação se torne recorrente, favorecendo a construção de novas relações sociais e afetivas, pilares centrais dos processos de desenvolvimento e de percursos acadêmicos e profissionais da UNIFAL-MG.

Para o reitor da UNIFAL-MG, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, o evento é  importante, não apenas para os estudantes africanos que hoje estudam a Universidade, mas para toda a comunidade acadêmica. “A importância da internacionalização na graduação, na pós-graduação, na pesquisa tem a ver com a dimensão de mão dupla desse processo. É claro que é muito importante para cada estudante que pode sair do seu país e ter uma experiência internacional recebendo o conhecimento que é oferecido pela universidade na qual eles vão, mas é muito importante também para a universidade que recebe, pois permite ao estudante da universidade que recebe, a experiência com o outro, a experiência com a alteridade num sentido forte do termo. A experiência do falar, a experiência de conhecer outros lugares pelo olhar de seu povo a experiência de perceber outras visões de mundo e também, naturalmente, aprender com aquilo que esse estudante traz.”, enfatiza.

“Considero que foi um evento muito interessante, muito rico. Pudemos ver um pouco das danças, da cultura, da música, sobre o vestir, e também a possibilidade de que esses estudantes encontrassem uns com os outros. Creio que devemos potencializar esse tipo de atividade na nossa universidade”, pontua o reitor.

Fonte: UNIFAL-MG