Sistema prisional mineiro doa 100 toneladas de hortaliças produzidas por detentos

Alimentos cultivados em 49 estabelecimentos são destinados a instituições assistenciais e educacionais.

Foto: Tiago Cicccarini / Sejusp.

Verduras e legumes fresquinhos cultivados por detentos de todo o estado chegam semanalmente à mesa de quem mais precisa. Desde o início deste ano, já foram doados 98.937 quilos de hortaliças pelo Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG). Somente na segunda-feira (21/11), a Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), fez a entrega de mais de uma tonelada de alimentos produzidos por presos.

Com a penitenciária, há mais 48 unidades prisionais empenhadas, também, na produção e doação de itens para as mais diversas instituições assistenciais e pessoas carentes de alimentação saudável. Quase todas as regiões de Minas Gerais estão representadas na lista: Vale do Rio Doce, Vale do Aço, Zona da Mata, Região Central, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Sul de Minas, Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha.

Em Neves, a tradição agrícola da Penitenciária José Maria Alkimin se mantém viva, mas com inovação. Foram doados 1.240 quilos de verduras e legumes para oito instituições, que incluem asilos de idosos, escolas, casas e instituições de apoio, além de comunidades carentes. No passado, esta penitenciária, inaugurada em 1938, vendia a preços acessíveis os alimentos, mas há cerca de dois anos as doações foram intensificadas. Somente em 2022, a unidade prisional já fez a doção de 10 toneladas de alimentos, cultivados por aproximadamente 25 presos, em uma área de 3 mil metros quadrados.

O diretor-geral do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, Rodrigo Machado, explica que esse resultado é fruto do trabalho de uma Polícia Penal que está cada vez mais próxima à sociedade, com ações de compromisso social, sustentabilidade e participação comunitária. “Os presos recebem qualificação profissional para o trabalho na agricultura, os terrenos cultiváveis nas áreas das unidades prisionais tornam-se produtivos, sem custos para o Estado, e as comunidades são beneficiadas. Estamos trabalhando para ir além dos muros e fortalecer a instituição”, ressalta o diretor-geral.

Gratidão

Na entrega da José Maria Alkimin desta quinzena foram beneficiados três lares de idosos da Sociedade São Vicente de Paulo; a Paróquia Nossa Senhora da Conceição dos Pobres, situada no bairro Lagoinha, em Belo Horizonte; três escolas públicas de Ribeirão das Neves; e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Ribeirão das Neves.

Para a assistente social do Lar dos Idosos José Justino Rocha, Helenilde Santos Rocha, as doações ajudam mesmo. “Tínhamos muitos idosos com problema de anemia, mas conseguimos controlar com as verduras e legumes que passamos a receber. As refeições ganharam um reforço com as beterrabas, couves, rúculas, cenouras, quiabos e tantos outros alimentos fresquinhos cultivados por aqui”, revela satisfeita e grata a assistente social.  

A alegria ainda está presente no rosto de quem cuida da terra, cultiva e entrega diretamente estes produtos nas mãos dos representantes das instituições beneficiadas. Juliano Henrique Batista Varalo, 34 anos, é um dos presos que trabalha na horta, e não esconde o orgulho do resultado das atividades agrícolas. “Me sinto satisfeito de saber que o meu esforço gera comida e saúde para idosos, crianças e adolescentes em dificuldades. Sou pai de duas meninas, e quando estou cuidando da horta, lembro delas mais intensamente. O melhor é saber que nada é vendido e tudo tem um bom destino”.

Perspectivas

As sementes e mudas chegam por meio de unidades prisionais dotadas de viveiros para abastecimento próprio, e que conseguem destinar parte da produção para outras. As ferramentas são fornecidas pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e os fertilizantes são adquiridos por meio de verba de despesas miúdas, da unidade prisional, destinada para o setor de produção. 

“Os presos estão presentes em quase todo o processo, como o preparo do terreno, recebimento das sementes e mudas, plantio, rega e limpeza constante. A grande recompensa vem no final, no momento da entrega, quando todos eles participam”, explica o gerente de produção da José Maria Alkmin, o policial penal Junior Cândido de Oliveira.

Em breve, os presos da unidade serão responsáveis, também, pelo cultivo das mudas. Eles construíram um viveiro para sementeiras, dotado de todas as especificações técnicas necessárias. 

Fonte: Agência Minas.

Compartilhar:
Veja mais