Prefeitura faz valer decreto e decide que comércio continua fechado

Durante reunião tensa na manhã desta segunda-feira (30), o prefeito em exercício de Varginha, Vérdi Melo, fez valer o decreto assinado no último dia 20 e mantém o comércio fechado até o próximo sábado (4). Uma nova reunião deve acontecer no sábado, com médicos, autoridades e representantes dos comerciantes.

Representantes do comércio apresentaram a preocupação dos lojistas, que temem uma recessão pós-isolamento. Por outro lado, médicos apresentaram os cuidados que devem ser tomados para evitar o aumento no número de casos de coronavírus na cidade.

André Yuki

André Yuki

Prefeitura, vereadores, Associação Médica, diretores de hospitais, enfermeiros, sindicatos e Guarda Civil Municipal participaram da reunião.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio, Cibela Oliveira disse que “os empregados têm medo de sair às ruas e levar para dentro de casa e contaminar os seus familiares. Nós apoiamos o prefeito desde o início nessa paralisação”, afirmou.

O coordenador de políticas públicas de Varginha, Vinício Rocha disse que “o cenário exige responsabilidade e bom senso de todos nós. Somos pela continuidade de manter o fechamento [do comércio], com possibilidade de flexibilização caso haja uma melhoria epidemiológica. Não agir no calor das emoções”.

Aciv

O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Varginha – Aciv, Anderson Martins, esclareceu que não estimula as carreatas – se referindo às duas manifestações realizadas nos últimos dias reivindicando a reabertura do comércio. “A Associação Comercial não poderia deixar de trazer para o prefeito as demandas dos comerciantes, que estão aflitos nesse momento; nós respeitamos as carreatas, mas não estimulamos as carreatas”, garante. O presidente da Aciv ainda destacou que pediu ao prefeito que escutasse os médicos. “Os médicos tem as informações preciosas nesse momento, que nós comerciantes não temos, portanto a Associação vai apoiar integralmente a decisão”, garantiu.

Médicos

Os médicos destacaram que o isolamento social nesse enfrentamento do coronavírus é de extrema importância para evitar um colapso na saúde pública. Entre os que se pronunciaram na reunião, o infectologista Luiz Carlos Coelho explicou que “manter o comércio fechado é uma medida de contenção, pois mesmo sabendo que teremos casos da pandemia COVID19 graves e que poderão ir a óbito, o que gente quer é diminuir a incidência desses casos para que o sistema de saúde possa ter a oportunidade de absorver, isso é achatar a curva de incidência para que o município possa passar por esse enfrentamento”. O médico ainda enfatizou que “Varginha é uma cidade pólo e automaticamente se reabrir o comércio nesse momento vai atrair pessoas da região e vai amplificar a transmissão; portanto, são medidas protetivas, não simpáticas, mas visam a menor taxa de transmissibilidade e letalidade”.

Prefeito

Em vídeo divulgado nas redes sociais após a reunião, o prefeito em exercício, Vérdi Melo, contou a população sobre sua decisão e explicou que “os médicos deixaram claro que essa semana é uma semana de pico de disseminação da doença e apelaram para nós que mantivéssemos o decreto até sábado (4). Por esse motivo, todos nós que estávamos presentes na reunião fomos unânimes em dizer que o nosso decreto será mantido até o próximo sábado a favor da vida das pessoas. Portanto, eu quero dizer aos comerciantes e empresários, que esta é uma decisão para preservar vidas. Eu também sou empresário e estou sofrendo na pele o que você está sofrendo, mas eu não tenho outra alternativa a não ser manter a nossa decisão até sábado”, enfatizou.

Vérdi disse que, depois de ouvir todos os representantes da Saúde de Varginha, “revogar o decreto seria uma irresponsabilidade sem precedentes. Certamente, a partir da semana que vem iremos flexibilizar de acordo com o momento, isso poderemos fazer com que o comércio comece a funcionar gradativamente. Não estou tomando essa decisão sozinho, primeiro ouvimos as autoridades sanitárias para não colocar a vida em risco. O que importa agora é a vida do seu pai, do seu avô, da sua avó, para evitar que uma catástrofe ocorra”.

https://www.facebook.com/verdilucio.melo/posts/2844091325684980

Atualmente o Município possui 24 leitos no Hospital Regional do Sul de Minas, dez no Hospital Bom Pastor e seis na UPA, totalizando quarenta. O mínimo para atender a demanda esperada é 68 leitos.

Vérdi disse ainda que, nesses 31 dias em que substitui o prefeito Antônio Silva (de férias), está ouvindo todos antes de tomar decisões. “Caso o cenário melhore, podemos iniciar uma reabertura gradual a partir da segunda-feira 7 de abril, logicamente observando a situação em Varginha, e também as ações do presidente, do governador. Estamos investindo no Hospital Bom Pastor, comprando equipamentos, criando unidades temporárias de atendimento em contêineres, temos o apoio da Associação Médica que é muito importante, são quase 40 médicos orientando a população por celular. Juntos vamos conseguir sair desse problema com o mínimo de prejuízo”, completou ele.

Reprodução Redes Sociais

Carreatas

Nos últimos dias, comerciantes saíram as ruas em carreatas, reivindicando a reabertura do comércio. Neste domingo (29), os manifestantes passaram em frente a casa do prefeito Antônio Silva, que respondeu por meio de publicação nas redes sociais.

O primeiro ato aconteceu por volta das 18h da última quinta-feira (26), quando os comerciantes se reuniram na Avenida Princesa do Sul e percorreram várias ruas da cidade. Guardas e policiais realizaram fechamento do quarteirão onde fica a casa do prefeito em exercício, Vérdi Melo, para que não houvesse tumulto.

Mas, neste domingo, os manifestantes resolveram voltar às ruas e percorreram o Centro da cidade e depois foram até o bairro Cidade Nova, onde fica a casa do prefeito Antônio Silva. Em seguida, retornaram ao Centro.

Reprodução Blog do Madeira

O prefeito Antônio Silva usou suas redes sociais para responder os manifestantes e tranquilizar a população. “Nós entendemos perfeitamente as grandes dificuldades que estão sendo vivenciadas pelos nossos comerciantes, pequenos empresários, proprietários de bares, restaurantes, pelas medidas preventivas que foram impostas pela Prefeitura. Nós temos um conselho gestor que toma deliberações, que nos assessora e que acima de tudo eles visam preservar a vida e a saúde dos nossos cidadãos. Obviamente, até agora, os resultados em relação a nossa cidade têm sido positivos, mas não podemos ignorar essa situação porque temos absoluta consciência e o respeito pelos comerciantes. Infelizmente as medidas as vezes são necessárias, porque nós temos que conter essa epidemia e minimizar os seus efeitos em nossa cidade”, explicou.

Prefeito Antônio Silva havia se manifestado nas redes sociais durante o final de semana:

https://www.facebook.com/silvajur/videos/1919832338154496/?t=0

Número de casos suspeitos aumenta

O último boletim divulgado neste domingo (25), pela Secretaria de Saúde, através da Comissão de Prevenção, Controle e Enfrentamento do Coronavírus, informou que Varginha está com 59 casos suspeitos de Coronavírus. Houve 77 casos notificados na cidade até o momento; onze pessoas estão internadas e dois óbitos sob investigação.

De acordo com a Prefeitura, “já foram colhidos os materiais (dos casos suspeitos e dos óbitos) e encaminhados a Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte”, informou.

Vérdi continua pedindo para que a população evite a todo custo sair de casa. “Por favor, evitem sair de casa. Só o façam quando houver realmente um motivo que justifique ir a outros ambientes”, enfatizou. Uma nova atualização deve ser divulgada na tarde desta segunda-feira (30).

Governador Romeu Zema

O governador Romeu Zema afirmou, na última sexta-feira (27), que a prioridade do Governo de Minas continua sendo a preservação da saúde e da vida de todos: crianças, jovens e idosos. A declaração foi feita durante pronunciamento do governador, transmitido ao vivo pelas redes sociais, sobre as medidas de combate ao Covid-19 coronavírus. Zema também anunciou o início de um estudo para avaliar a possibilidade de liberar o funcionamento de alguns empreendimentos. E lembrou que as ações iniciais do governo foram essenciais para evitar que o coronavírus se espalhasse rapidamente.

“Vamos ver o que será possível fazer no sentido de começarmos a reativar alguns setores. Tudo será feito com o maior critério”, disse. O governador explicou que as medidas, tomadas após ampla avaliação, estarão sujeitas a alterações, caso o monitoramento realizado 24 horas pelo governo aponte a necessidade de determinar novamente o fechamento de empresas, para evitar riscos à população.

“Estamos otimistas de que será possível liberar algumas atividades em algumas áreas. As regiões têm realidades distintas. E, por isso, o coronavírus se espalhou de forma desigual”, ressaltou. O governador ainda esclareceu que a análise levará em conta especificidades de cada município. E garantiu que as considerações dos prefeitos serão parte da tomada de decisão, após o estudo.

Zema deixou claro que não está determinando a reabertura do comércio, mas garantindo que a situação de cada setor seja analisada com responsabilidade.

Caso a avaliação indique abertura de determinados estabelecimentos, os sindicatos deverão assegurar medidas que garantam a segurança dos trabalhadores. Havendo a possibilidade de retomada das atividades, as empresas deverão adotar práticas sanitárias, escala de revezamento, alteração de jornada, além de evitar o contato de clientes, de funcionários e oferecer atendimento e assistência ao grupo de risco, como idosos, pessoas com doença crônica e gestantes.

André Cruz / Imprensa MG

Decreto continua valendo

Atividades não permitidas ao funcionamento
Lojas, shopping, praças de alimentação, bares, restaurantes, lanchonetes, academias, clubes, igrejas, templos, encontros religiosos, casas noturnas, motéis, salões de beleza, clínicas de estética.

Atividades permitidas
Drogarias e farmácias, supermercados, mercearias, açougues, peixarias, hortifrútis, quitandas, lojas de venda de alimentação para animais, pet shop e clinica veterinárias, distribuidora de água e gás, postos de combustíveis, hotéis, pousados e similares, serviços funerários, indústrias, prestadores de serviços (por exemplo oficinas mecânicas). Ficam liberadas as atividades internas dos estabelecimentos comerciais necessárias ao recebimento e à organização de mercadorias, ficando proibidas a vendas e os atendimentos na forma presencial, nos quais poderão ser realizados por meio de transações via aplicativos, internet, telefone ou por meio de serviços de entrega ou retirada de mercadorias.

Bares e Restaurantes
Os bares e restaurantes não poderão funcionar com atendimento presencial. Mas poderão funcionar na modalidade delivery ou retirada de mercadoria.

Bancos e lotéricas
Os bancos e lotéricas poderão funcionar normalmente. Os bancos já têm adotado medidas de prevenção para atender os clientes.

Eventos
Fica proibido a realização de qualquer tipo de evento ou atividade com qualquer número de pessoas.

Transporte público
O decreto autoriza a redução em até 30% do número de veículos de transporte público.

Visitas aos Hospitais e asilo
Ficam proibidas as visitas a hospitais e demais unidades de saúde. Também ficam proibidas visitas a asilos.

Presídios
Ficam proibidas as visitas no presídio da cidade.

Penalidade
O descumprimento do decreto implicará na cassação da licença de funcionamento do estabelecimento. A fiscalização será realizada por setores de fiscalização da prefeitura, inclusive pela Guarda Civil Municipal.

Contatos

Secretaria Municipal de Saúde
Setor de Epidemiologia/Atenção Básica
Falar: com Paula – Patrícia – Roseane
Setor de Epidemiologia: 3690 – 2215
Atenção Básica: 3690 – 2072
Celular de plantão para casos de sintomas (atendimento 24h) – (35) 98469-1901 / 98464-8170

Fonte: Blog do Madeira / Fotos: Blog do Madeira e André Yuki

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