Pedra fundamental da APAC é lançada em Varginha

Uma nova página começa a ser escrita no universo da execução penal na Comarca de Varginha. Na tarde da última sexta feira (20), foi lançada a pedra fundamental para a construção do Centro de Reintegração Social (CRS), espaço que irá abrigar uma unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) no município.

A solenidade contou com a presença de autoridades dos três poderes e de representantes da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC) e da comunidade local.Evento reuniu ainda cerca de 50 pessoas, entre políticos, varginhenses, empresários, profissionais liberais e escolas. Havia também representantes das igrejas católica e evangélica.

As Apacs são associações que abraçaram a causa da humanização do cumprimento das penas privativas de liberdade. A metodologia de trabalho baseia-se em doze elementos, entre eles a participação da comunidade, o trabalho, a assistência jurídica, a assistência à saúde, a espiritualidade, a valorização humana e a integração com a família.

Durante a solenidade, o Presidente da APAC, Alexandre Prado, observou que o presídio de Varginha possui capacidade para 90 Reeducandos, mas no momento abriga 300. A superlotação é uma realidade comum a diversos presídios brasileiros, ao lado de “condições insalubres, onde impera o ócio, a violência e não com rara frequência ocorrem rebeliões”.

Essa situação atenta contra uma série de direitos da pessoa presa e, ao invés de proporcionar sua recuperação, muitas vezes aprofunda sua relação com o crime. “Precisamos oferecer uma resposta diferente do que está aí, com o apoio da comunidade, do poder público, das igrejas e da sociedade civil organizada. Precisamos buscar meios para que a pena seja cumprida com dignidade, de forma humanizada e assim atenda à sua função punitiva e pedagógica”, destacou o Presidente.

Segundo o presidente da Câmara de Varginha, Leonardo Ciacci, “é importante perceber que Varginha tem pessoas que trabalham, com seriedade, em ações que promovam a ressocialização do preso. Com essas atitudes, conseguimos apoiar na recuperação dessas pessoas e encaminhá-las, novamente à sociedade, mais preparadas. Parabenizo o trabalho realizado pelo presídio local e agora a Apac, em nome do presidente, Alexandre Prado, que tem se empenhado para que Varginha seja um modelo na ressocialização”, afirma.

Humanização da pena

A instalação de uma unidade da Apac em Varginharepresenta um momento histórico para a região. Na Apac o Reeducando “poderá trabalhar e ocupar seu tempo com estudo e cursos profissionalizantes, terá responsabilidade com seu próprio sustento e com o funcionamento da própria unidade, terá a oportunidade de refletir sobre seu erro, repensar seus conceitos e receber orientações espirituais e religiosas para a mudança”, explicou o Presidente.

Alexandre destacou ainda o fato de que na Apac o detento terá a chance de aprender uma nova profissão e aprimorar seus dons e será acolhido pela comunidade, em um local onde não há polícia ou agentes penitenciários nem armas de fogo.

“Nesse lugar, essas pessoas serão confrontadas com o amor, e ‘do amor ninguém foge'”, finaliza o presidente, que em seu discurso agradeceu ainda a todos aquele que tornaram possível aquele dia. A Apac de Varginha terá capacidade para abrigar 40 recuperandos, podendo essa capacidade ser dobrada.

Prestigiando também a solenidade, o Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais da comarca, Tarciso Moreira de Souza, destacou que diante dos desafios impostos pela vida, “o melhor que podemos fazer é contribuir, cada um fazer a sua parte, para que nosso semelhante possa se reerguer e voltar a ter uma vida digna e feliz”, observou.

Entre outros pontos, o magistrado ressaltou ainda que, além de congratular diversas autoridades diretamente envolvidas com o surgimento da Apac em Varginha, era preciso parabenizar a comunidade: “Sabemos que a construção de uma Apac não é fruto de uma decisão feita em gabinete, mas, sim, da conscientização e participação da comunidade”, afirmou.

Apacs em Minas

A metodologia apaquiana está hoje presente em 23 países. No Brasil, são 48 unidades da Apac: 1 no Rio Grande do Norte, 6 no Maranhão, 2 no Paraná e 39 em Minas Gerais, todas sob administração e fiscalização da FBAC.

A metodologia vem sendo disseminada para as comarcas mineiras pelo TJMG, por meio do programa Novos Rumos, desde 2001.

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