O empresário denunciado se passava por correspondente da empresa gestora da base de dados em Varginha e oferecia não só informações sigilosas de sistemas de informações públicos, como também a possibilidade de interceder junto à Polícia.
Redação CSul/Foto: Reprodução/EPTV
Um empresário de 40 anos foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por tráfico de influência e falsificação de documento. Segundo o Ministério Público, os fatos ocorreram durante as investigações da Operação Ex Fumo, que levaram à desarticulação de uma organização criminosa voltada à prática sistemática do crime de sonegação tributária na produção e comercialização de cigarros.
Um dos investigados naquela ocasião e que veio depois a celebrar acordo de colaboração premiada com o MPF foi quem relatou os crimes cometidos pelo empresário, que é diretor de uma empresa prestadora de serviços de consulta a banco de dados. Os relatos desencadearam nova investigação, que resultou na Operação Nome Sujo, realizada em 2 de abril de 2020.
Investigação
Ainda de acordo com o MPF, empresário denunciado se passava por correspondente da empresa gestora da base de dados em Varginha e oferecia não só informações sigilosas de sistemas de informações públicos, como também a possibilidade de interceder junto à Polícia Federal para beneficiar outros investigados durante as investigações.
Para demonstrar seu acesso às informações privilegiadas, J.C.A entregou ao empresário supostos relatórios demonstrando a quantidade de vezes, dias e horas em que a Polícia Federal efetuara pesquisas no nome do colaborador nos bancos de dados.
Os contatos se deram entre maio e setembro de 2016. Em em pelo menos duas oportunidades distintas, o empresário recebeu a quantia total de R$ 45 mil, em dinheiro vivo, para realizar o monitoramento de consultas feitas pela Polícia Federal nos sistemas da empresa.
Na mesma ocasião, ele ainda prometeu entregar ao colaborador um dossiê contendo dados sobre a vida financeira, fiscal e criminal de todas as pessoas em que o declarante tivesse interesse. Posteriormente, disse que teria condições de bloquear a investigação que estava sendo realizada pela Polícia Federal, ao custo de R$ 150 mil, valor que seria supostamente utilizado para o pagamento dos policiais federais que estavam à frente da operação. Diante da relutância do empresário, o denunciado concordou em reduzir o valor para R$ 50 mil, afirmando que teria sido aceito pelos funcionários públicos.
Usando o pretexto de assegurar a credibilidade à informação que estava sendo “vendida”, o empresário falsificou e enviou a seu “cliente” prints das telas de supostas consultas aos sistemas da Polícia Federal.
A falsidade dos documentos foi atestada posteriormente pela Polícia Federal e confessada pelo próprio empresário durante interrogatório.
Todas as conversas e negociações foram feitas por meio do aplicativo WhatsApp, e identificadas não apenas por meio das cópias oferecidas pelo colaborador, como por meio da análise do aparelho celular do denunciado, apreendido com autorização da Justiça Federal.
*Com informações: Ascom Ministério Público Federal