Cooperativas apostam na agricultura regenerativa
Várias cooperativas brasileiras, como a Cooxupé, têm buscado práticas com plantio direto e a rotação de culturas.
Foto: MundoCoop
A agricultura regenerativa é a implementação de práticas que regeneram o ambiente produtivo. Assim sendo, o aproximando mais do original e estimulando uma maior biodiversidade. O termo surgiu com o americano Robert Rodale, que teve como base as teorias da hierarquia ecológica para estudar os processos nos sistemas agrícolas. Inclusive, a ideia principal do conceito está ligada à recuperação dos solos. Atualmente, as cooperativas apostam na agricultura regenerativa.
Benefícios
Os benefícios desse modelo de agricultura são muitos. Entre eles, é possível recuperar os solos empobrecidos, valorizar os micro-organismos presentes e ajudar a reverter as mudanças climáticas.
Diante disso, o tema tem despertado o interesse dos pequenos, médios e grandes produtores. Principalmente cooperativistas, unindo sustentabilidade à garantia da produção dos alimentos.
Cooperativas
Em primeiro lugar, o cooperativismo e a agricultura regenerativa se encaixam perfeitamente. Afinal, estão motivados a buscar colaboração, propósito, preservação e sustentabilidade.
Não é à toa que cada vez mais as cooperativas agrícolas têm investido nesse tipo de produção. Porque ela representa uma agricultura menos dependente de defensivos e fertilizantes químicos. E, ainda, mais resistente às adversidades climáticas. De antemão, um solo saudável contribui com a maior tolerância das plantas à falta de chuvas e às altas temperaturas.
Além disso, o solo de uma lavoura manejada com práticas regenerativas tem maior estoque de carbono. Portanto, é uma prática que contribui para o equilíbrio do meio ambiente. Ademais, a prática valoriza a manutenção do solo, a preservação de plantas vivas. Além da integração de animais e o próprio uso de práticas conservacionistas.
Tecnologias
Atualmente, esse tipo de agricultura conta com o auxílio das tecnologias digitais. Permitindo, assim, a rastreabilidade, o uso sem desperdício e a própria precisão na aplicação de nutrientes ou similares. A tendência é que ela se estabeleça como dominante, estando presente nos campos desde o plantio direto até a rotação de culturas.
Desde já, outras práticas importantes na agricultura regenerativa são a redução do revolvimento do solo e manutenção da cobertura do solo. Além disso, manutenção de plantas vivas, investimento na biotecnologia e a integração animal e das plantas.
Futuro
Jorge Dietrich, coordenador de Pós-graduação de Novos Negócios e coordenador do Master de Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM, conta que o tema foi abordado no Fórum Econômico Mundial em 2023. Ou seja, quando se falou sobre o futuro do agronegócio.
“O Brasil vai precisar alimentar 2 bilhões de pessoas em 2025. Hoje, alimenta um pouco mais de 1 bilhão. Diante de um cenário ambiental cada vez mais exigente em práticas sustentáveis, precisamos produzir mais com práticas que preservem o ambiente. Enfim, a sustentabilidade é mandatória”, lembra Dietrich.
O especialista ressalta que muitas cooperativas já têm práticas presentes que levam à sustentabilidade e à agricultura regenerativa.
“Precisamos fazer essa informação chegar ao consumidor final. Mostrar que o agro brasileiro é muito mais do que ser responsável por 25% do PIB brasileiro. Ele também responde em sua maioria por uma agricultura responsável, com energia limpa e com práticas regenerativas”, lembra.
Case nacional
Várias cooperativas brasileiras, como a Cooxupé, em Minas Gerais, têm buscado práticas com plantio direto e a rotação de culturas. Nesse sentido, a associação cafeeira descobriu na agricultura regenerativa a melhor maneira de produzir o seu café. Unindo a preservação do ambiente e a demanda dos clientes.
De acordo com Eduardo Renê da Cruz, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, vários motivos estimularam a investir nesse tipo de cafeicultura. Dessa forma, o primeiro deles foi o aumento da resiliência dos sistemas produtivos, tornando as lavouras mais resistentes às adversidades climáticas, como a seca.
Em segundo lugar, essa forma de produção faz uma maior fixação de carbono no solo. Isto é, por meio do plantio de plantas de cobertura e de uso de material orgânico. E, em terceiro lugar, atender à demanda dos clientes que preferem o café produzido com práticas regenerativas.
“Esse modelo de agricultura é menos dependente de defensivos e fertilizantes químicos devido às cultivares resistentes e ao controle biológico. Ela é também mais resistente às adversidades climáticas. Pois um solo saudável, com matéria orgânica e cobertura de solo armazena mais água, mantém a temperatura do solo mais baixa. O que contribui com a maior tolerância das plantas à falta de chuvas e às altas temperaturas. Além disso, o solo de uma lavoura manejada com práticas regenerativas tem maior estoque de carbono. Portanto, é uma prática que contribui para o seu balanço”, exemplifica Eduardo Renê.
Cafeicultura
Em suma, a cooperativa cafeeira não pretende parar por aqui e acredita que, no futuro, haverá cada vez mais a implementação de práticas regenerativas na cafeicultura. Como, por exemplo, o uso de plantas de cobertura, controle biológico e material orgânico.
Essas práticas permitem menor utilização de defensivos químicos. E, segundo um levantamento interno realizado em 2023, a Cooxupé identificou que mais de 60% das mudas plantadas se tornaram resistentes à ferrugem ou nematoides.
“O cooperativismo tem papel fundamental na difusão das práticas para os pequenos produtores e na orientação sobre a importância e implantação da cafeicultura regenerativa. Isso acontece por meio da assistência técnica, no fornecimento dos insumos como produtos biológicos, compostos orgânicos, fertilizantes organominerais e sementes de plantas de cobertura com condições de pagamento que facilitam a aquisição para fomentar a adoção”, finaliza.
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Fonte: Mundo Coop via Hub do Café