Artigo de Juarez Alvarenga: Inflação: O gigante indomável

Texto desenvolvido pelo advogado e escritor Juarez Alvarenga.

Foto: CSul

“TIRO DE POETA NÃO LEVA PERIGO A META”.

          A incapacidade humana perante a inflação é algo inconcebível. Os problemas fomentadores da inflação são estáticos. E não existem elasticidades e caminhos diferenciados de soluções. A rigidez causal restringe as soluções.

          Aumento de tributos ou correção do déficit público são as únicas variáveis das bases de retenção inflacionária.

          Existe um anátema jurídico que diz tratar os iguais os iguais e o desigual desiguais. Talvez esteja aí o cerne do combate inflacionário. Jogando este brocardo no campo econômico estaria elucidado ou pelo menos amenizados o problema da inflação.

          A equidade econômica entre os setores da sociedade é a única premissa consciente do universo inflacionário.

          Inflação não está no mundo das idéias e sim dos fatos.

          Na terminologia econômica a palavra indolor usada abundantemente por Pedro Malan é sem duvida nenhuma a palavra chave.

          O receituário econômico é revestido de variabilidade mínima. Seus conceitos são contaminados de êxitos relativos como também de defeitos relativos. Uma única proposição tem efeitos duais. De um lado prejudicial e de outro virtuoso um lado que contém soluções e de outro defeitos. A opção nasce da probabilidade e da maior conveniência.

          Num sistema de mercado onde o alvo é a produção parece mais inteligente as teorias desenvolvimentistas. Aplicado conceito de ampliação do credito valorizando assim a produção como também aumentando a demanda vai refletir positivamente no mercado.

          Nossa história inflacionária é proveniente de ciclos. Até hoje não existe sustentação definitiva no combate inflacionário. No fundo o que existe realmente são anestésicos temporais. Saídas emergenciais para os períodos de pico inflacionários. Fazer o topo inflacionário sem desmoronar sem efeitos colaterais é uma utopia, porque o mundo acadêmico não nos proporciona soluções absolutas, somente relativas

          Conter a inflação através de juros parece à solução mais eficiente, porém de efeitos colaterais retumbantes. A retenção do credito desestimula o mercado, diminui a produção e cria também aumento da produção individual deficiente, forçando a pressão inflacionaria pelo lado da demanda.

          Sem ociosidade das maquinas e sem ostracismo do homem parece ser a política certeira. Combinação do credito com produção e dinamismo humano com otimismo nos levará os patamares de progresso sustentável.

          O combate à inflação passa por riscos intransferível. Podemos ser generosos com o credito e nem assim haver produção excessiva. O homem brasileiro precisa de credito para produzir, mas também de uma conjuntura totalizante de expectativas futuras favoráveis.

          O que leva ao investimento são expectativa futuras. Para seu nascedouro é necessário um futuro promissor economicamente. O homem produz olhando o futuro cabendo o governo criar condições favoráveis

          Atrair investimentos existe viabilidade econômica do país. Não eliminar o risco, mas diminuir substancialmente. Por isto a política ortodoxa tem maleabilidade de soluções restritas. Seus meandros são poucos apesar dos encantos de seus conceitos estéticos. Analisando profundamente constatamos que muitas vezes a inflação está camuflada em vez de solucionada definitivamente.

          O enquadramento lógico restringe demasiadamente as soluções. Já a política heterodoxa é sedutora e excessivamente empírica. Retém ciladas e não tem êxitos duradouros.

          A periodicidade das receitas inflacionária parece uma ideia sustentável. Os remédios são também de efeitos efêmeros. Renovar a posologia habitualmente é uma decisão que se impõem. Conceber como doença crônica de cuidados permanente é a solução relativa.

          O controle de preço com aumenta real de salário traria ônus insuportável. É uma política descartada e inaplicável.

          A política cambial não deve sofrer variabilidades teóricas e sim comportar de acordo com a realidade do mercado.

          O abrandamento da inflação sem descontentamento é inatingível. Partindo deste pressuposto nada mais lógico do que uma política econômica eficaz e efêmera. Sem prepotência, mas voltar para trás se os efeitos colaterais forem mais danosos. Porque a economia é substancialmente uma ciência empírica.

          A inflação depende de estratégias reais e não de abstrações teóricas. As variabilidades de opção enquadram seu universo em campos extremamente reduzidos.

          Economia é uma ciência de recheios, mas oca no cerne da questão. As limitações causais dificultam a pluralidade de caminhos e cabe a cúpula econômica dar passos certeiros ou buscar novos passos. Achamos que mais ousadia com inteligência é medida certeira. Apesar da intactibilidade da floresta.

          Torço para que esta política econômica tenha êxito prolongado e que a inflação não esteja apenas anestesiada, mas realmente eliminada.

          Na adolescência tentei ser poeta, mas agora na maturidade sou curioso em economia. Estou lendo “MAESTRO” de Alan Greenspan o maior economista mundial da atualidade. Mudei de caminho e isto serve de exemplo para juventude. Não libertar dos sonhos da adolescência, mas reajustar eles com realidade na maturidade.

*O texto não necessariamente reflete o posicionamento do CSul.

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