
Dólar em alta, café em alerta: chuvas e incertezas marcam a semana
Mercado cafeeiro oscila com clima e dólar; safra 2025 já aponta queda significativa
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Semana cambial agitada. Na sexta (20), o Banco Central injetou US$ 7 bilhões na tentativa para conter o dólar, que chegou a atingir na quinta-feira R$ 6,30. No total, com todos os leilões realizados desde o último dia 12, o Banco Central já colocou US$ 27,7 bilhões no mercado em dezembro – o maior volume já realizado em um mês.
No mercado de café, o sobe e desce em Nova Iorque e Londres percorreu toda a semana.
Os fundamentos do mercado de café permanecem os mesmos. A próxima safra brasileira de café foi bem prejudicada por problemas climáticos seguidos. Mas, só a partir de março próximo, no final do verão, após sabermos o volume de chuvas e as temperaturas atingidas nas regiões cafeeiras do Brasil, é que conseguiremos números mais afinados sobre a nova safra.
Já há consenso de quebra importante na produção e que o volume a ser colhido ficará bem abaixo do de 2024. Com as incertezas climáticas persistindo em todos os principais países produtores de café, fortes e rápidas oscilações em Nova Iorque e Londres vão permanecer.
- ICE Futures US (Nova York): os contratos de arábica para março fecharam o pregão valendo US$ 3,2500 (+ 125 pontos). Em novembro, esses contratos apresentaram alta de 29,5 % (7.255 pontos). Os contratos para dezembro 2025 fecharam sexta (20) valendo R$ 2.610,41.
- ICE Europe (Londres): os contratos de robusta para janeiro fecharam a US$ 5.011 por tonelada (-US$ 50 por tonelada). Em novembro, tiveram ganhos de 23,8 % (US$ 1.040 dólares por tonelada).
- Estoques de cafés certificados na ICE: subiram, na sexta (20), 4.425 sacas. Estão em 985.990 sacas. Subiram nesse período 738.046 sacas. Em novembro, subiram 48.490 sacas.
Com a proximidade dos feriados de final de ano e o dólar instável e sem rumo, o mercado físico brasileiro teve uma semana de poucos negócios, e permaneceu sexta (20) praticamente paralisado. Há muito interesse comprador para todos os padrões de café, para exportação e consumo interno, mas há pouco interesse vendedor neste final de ano. Cafés arábica de boa qualidade a finos, bem preparados e com bom percentual de peneiras 17 e 18 estão cotados a partir de R$ 2.200.
A partir desta sexta-feira, áreas de instabilidade provenientes do Sul do Brasil trazem chuvas intensas e generalizadas para regiões produtoras de café no Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais. Durante o fim de semana, os volumes de precipitação aumentam, especialmente na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, onde podem superar 80 mm. No domingo e segunda-feira, as chuvas alcançam o sul do Espírito Santo com maior intensidade, enquanto diminuem entre Paraná e São Paulo.
Pancadas de chuva também são previstas no sul e oeste da Bahia e em Rondônia nos próximos dias. Com o avanço da umidade, as temperaturas devem cair.
Na segunda metade da próxima semana, um corredor de umidade persistente atinge regiões produtoras do Sudeste, com foco em São Paulo, Alta Mogiana e sul de Minas Gerais. Até o fim do ano, episódios frequentes e intensos de chuva devem provocar dias de tempo fechado e temperaturas mais baixas, com possibilidade de invernada.
- Embarques: 1.944.831 sacas embarcadas (1.438.535 sacas de arábica, 291.940 sacas de conilon e 214.356 sacas de café solúvel)
- Certificados de origem: pedidos de emissão para embarque em dezembro totalizaram 2.670.658 sacas no dia 20, contra 3.681.058 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Fonte: Café Point