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Muralismo torna o cinza das paredes em explosão de cores; Artista Kaká Chazz visita CSul

Redação CSul – Ana Luisa Alves / Fotos: Divulgação/Reprodução Instagram

O termo muralismo, ou pintura mural, foi cunhado a partir das pinturas feitas no início do século 20, no México. Esses trabalhos eram realistas e monumentais. Contudo, a pintura feita sobre paredes é uma técnica antiga.

É uma forma de arte pública, como o grafite, porém, diferentemente deste, tem estreita relação com a arquitetura, podendo explorar o caráter plano de uma parede ou criar o efeito de uma nova área de espaço.

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A técnica do afresco (aplicação de pigmentos de cores diferentes, diluídos em água, sobre argamassa ainda úmida) existe desde a Antiguidade. Muitas dessas pinturas ficaram conhecidas quando arqueólogos iniciaram as escavações de Pompéia, cidade destruída pelo vulcão Vesúvio. Também encontramos a mesma técnica na Índia e na China.

Apesar da longa tradição na história da arte, hoje em dia o muralismo se manifesta principalmente nos espaços urbanos, onde as imagens artísticas de diferentes temas são representadas. As paredes das cidades são o cenário desta forma de expressão artística.

Os muros das cidades são geralmente cinzas e com pouco colorido. Os criadores envolvidos com o muralismo tornam o cinza das paredes em uma explosão de cores. As imagens podem ser um simples entretenimento ou, pelo contrário, possuem algum tipo de mensagem social e reivindicativa.

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Entrevista exclusiva

Franciele Brígida/CSul

Na tarde desta terça-feira (15), o artista Kaká Chazz visitou a redação do CSul para falar um pouco sobre o seu trabalho de muralista. Confira abaixo o bate-papo de perguntas e respostas com o três-pontano, que agora mora em Varginha.

  • Quantos projetos você já tem?

R: No geral já tenho aproximadamente 50 projetos.

  • Quantas cidades você já pintou?

R: A região do Sul de Minas já fiz bastante. Varginha, Três Pontas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Juiz de Fora e as cidades próximas.

  • Com qual idade você começou a desenhar e descobrir o amor pela arte?

R: Comecei com quatro, cinco anos de idade. Desde pequenininho, que me entendo por gente, tenha essa paixão pelo desenho. Sou o único da família que desenha.

  • Você tem algum projeto em mente?
Franciele Brígida/CSul

R: Aqui em Varginha estou com alguns projetos de exposição pro ano que vem. Existem também alguns projetos de fazer um espaço aqui da cidade, uma galeria a céu aberto. São alguns projetos que tenho para a região, mas existem outros também que não são pra cá, que já tenho trabalhado também.

  • Você se inspira em algum famoso?

R: Tem o Eduardo Cobra, que é amigo, já pintei com ele algumas vezes em alguns eventos. Ele é conhecido mundialmente e mora em São Paulo. Ele me inspira bastante, mas também existem alguns gringos que gosto bastante.

  • Você recebe algum apoio financeiro?

R: Esse ano consegui entrar no Conselho Municipal de Incentivo a Cultura (Comic), um projeto específico da cidade, que você consegue patrocínio para arcar com esse projeto. Entrei esse ano e espero que ano que vem consiga entrar novamente, mas a maioria dos projetos pessoais que tenho para a rua, sempre busco apoiadores. Hoje, graças a Deus tenho muita gente que me apoia.

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  • Quanto tempo em média você demora para terminar um trabalho?

R: Em torno de uma semana, dez dias no máximo. Hoje em dia, quando você pega a prática, não demora muito, mas depende da quantidade de detalhes.

  • Quais são as maiores dificuldades?

R: Quando mudei para Varginha em 2013, era um pouco difícil no começo, porque as pessoas ainda não compreendiam e ainda tinha uma confusão. Demorei para conseguir me engajar, então tudo o que eu fazia, vinha do meu próprio bolso, o que acabou pesando um pouco. Mas hoje em dia está mais tranqüilo, pois tenho até parceria com loja de tintas, que facilita o trabalho.

  • Você já fez algum curso de desenho para de especializar?

R: Fiz um curso de pintura em tela, que foi mais específico. Meu professor era o Glaiber Piva e aprendi muita coisa com ele. Mas desde quando entrei na escola e me envolvi com projetos sociais, quando tinha 10, 11 anos, e o próprio Glaiber, que fiz um curso específico, ele dava aula nesse projeto social, então sempre tive esse contato com ele, que é um cara que formou em artes, então pude absorver bastante coisa.

  • Todas as suas pinturas têm uma semente e o escrito “semeando”. Qual a inspiração de colocar essas duas coisas? O que significa para você?

R: A semente comecei a usar em 2008, pois é uma marca minha. Ela não tinha esse formato que tem hoje, pois ainda estava trabalhando, mas desde essa época eu já tinha pego essa imagem. A semente, como eu sou cristão, tirei da parábola do semeador que se encontra na Bíblica, onde Jesus ali ensina para eles e usa uma ilustração de uma semente. Essa semente eu trago e tento colocar para fora, que é justamente isso, da gente sempre semear algo bom. Como cresci em projeto social, aprendi sempre a ver as pessoas ali, dando o seu melhor para que aqueles adolescentes e crianças também recebessem aquela coisa boa que eles aprenderam. Então, a semente representa isso, tudo de bom que a gente tem, a gente repassa pra frente.

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  • Qual movimento artístico mais te inspirou nas cores e traços?

R: No começo, o grafite em si, essa arte de rua, que é essa expressão de você levar a arte pra rua, que não passa a ser algo direcionado a um público, mas abrange todos os públicos, isso eu comecei em 2007 e na época foi influência de algumas revistas que eu lia, algumas matérias que eu via na televisão, então veio esse desejo de colocar tudo na rua, o que eu sabia, essa paixão pela arte. Quero mostrar para as pessoas que a arte pode comunicar com todo mundo. Antes eu fazia muito preto e branco, tinha muita dificuldade com cores, mas comecei a trabalhar com elas muito devagar, até que hoje em dia, graças a Deus, as pessoas conseguem identificar o que é meu pelas cores que eu uso, pela semente, pelo traço. Não uso preto nas minhas artes, tiro ele porque marca muito. Pego sempre uma cor predominante que gosto bastante, em seu último tom, que não é o preto, mas também não chega a ser muito claro. Consigo mesclar isso e o roxo é uma das minhas cores favoritas.

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  • Um conselho para alguém que queira seguir nessa carreira artística.

R: Sempre deixo esse conselho para a galera e para o pessoal que dou aula no projeto social: temos sempre que acreditar, ter fé, esperança e trabalhar em cima daquilo que a gente sonha. Um exemplo, sempre tive a vontade de trabalhar com arte, mas não foi talvez no período que eu queria, às vezes queria ter começado a viver daquilo bem antes, mas não, tive que trabalhar e foi todo um processo. Nunca desisti! Meu conselho é nunca desistir e colocar a mão na massa e ir pra cima.

  • São quantos alunos neste projeto que você dá aula em Varginha?

R: Na Associação Eu Escolhi Amar estou com cerca de 10 alunos de manhã e 10 à tarde. Todo o trabalho é gratuito. A pessoa faz a inscrição e daí é direcionada. Tem várias outras oficinas, mas a de arte sou eu quem faz. Tem outras ações também que faço nos bairros. No final de ano agora eu parei, vou voltar ano que vem, mas esse ano fiz nos bairros Novo Tempo e Carvalhos, além de uma ação no bairro Canaã. Rodo vários bairros, onde fico três semanas, um mês, desenvolvendo um mural com eles, deixando todo mundo participar, explicando a técnica, essa questão da liberdade de expressão e de colocar a arte na rua, e é bem legal.

  • Qual a faixa etária dos alunos?

R: Quando é na rua abrange todas as idades, desde adulto, até crianças de quatro anos. Todo mundo participa, mas no projeto pego crianças e jovens que tenham entre 10 e 17 anos.

  • Existe alguma cidade em que você sonha em pintar?

R: Todo lugar que eu vou quero pintar (risos). Sempre já levo alguma coisa na mochila e se pintar alguma oportunidade, eu to fazendo algo. Mas tenho muita vontade de ir para fora do Brasil, pois nunca fui, mas estou com alguns contatos e até espaço e muro em alguns lugares. Lá na França eu consegui um muro, o que já facilita. São lugares que quero muito ir, onde a arte predomina e não é algo tão fechado, é mais cultura

  • Para pintar os muros existe alguma autorização?

R: Sim, todos que eu faço têm autorização, os que não têm são lugares abandonados e depredados. Quando fui pintar em Juazeiro do Norte, no Ceará, no sertão achamos umas casas quebradas e saímos pintando várias. Nesse caso não precisa de autorização, mas a maioria dos trabalhos que faço em Varginha e nas outras cidades tem autorização.

  • Qual foi o lugar mais longe que você pintou?

R: Maranhão, fiquei lá uma semana. Mas já percorri o Ceará, São Paulo, Recife e o norte do país, que já rodei bastante. No sul ainda não tive a oportunidade de ir.

  • Qual foi a obra que mais significou?

R: Todas foram importantes, mas curto mais as que estou fazendo no momento. Mas teve uma que gostei bastante, em São Bernardo. Foi a maior que fiz até hoje e tem mais de 500 metros quadrados. É uma lateral de um prêmio e fiquei lá pintando por um mês. Foi bem especial porque foi uma experiência nova de trabalhar nas alturas, com equipamentos que nunca mexi, então venci as dificuldades, pois é diferente de fazer em uma parede baixa.

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  • Sua família sempre te apoiou?

R: Sim, eles me apóiam tranqüilo. No começo, quando falei que ia largar o emprego para viver da arte, eles assustaram. Como é algo que é fora do padrão que eles cresceram, eu até compreendo isso e não julgo, mas tive que mostrar para eles que precisamos correr e batalhar, que a gente não pode ficar parado. Hoje em dia eles apoiam e é bem tranqüilo. A minha idéia é fazer da região, um pólo artístico. Foco muito em Varginha para fazer algo diferente e trazer essa cultura. Não é todo mundo que tem essa visão, que compreende e gosta da arte. Um dos princípios do meu projeto é ensinar o pessoal a pegar um espaço e preservar.

  • Um recado para quem gosta do seu trabalho.

R: Quero agradecer a todo mundo, pois sempre agradeço. Hoje em dia, graças a Deus tem muita gente apoiando e é o que eu falo para o pessoal: nunca desistir, batalhar, ter fé e acreditar, porque uma hora você consegue romper.

Site – https://www.urbanarts.com.br/kaka-chazz-4558/f
Instagram – https://www.instagram.com/urbanarts/    –   https://www.instagram.com/kakachazz.art/

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